segunda-feira, 25 de outubro de 2010

REVOLUÇÃO NOS ESTADOS ITALIANOS DE 1848

Nos Estados italianos, onde a onda revolucionária teve seu foco inicial, a Revolução de 48 teve um caráter extremamente nacionalista, com uma tripla aspiração: à liberdade, à unidade e à independência italianas. É certo porém, que não possuíam coesão porquanto havia três tendências visando a unificação: os Neoguelfistas, liderados por Gioberti, pretendiam uma confederação de Estados, cabendo a direção superior ao Papa; os Monarquistas Constitucionais, inspirados por Cesare Balbo e Mássimo D'Azeglio, batiam-se por um Estado nacional unitário governado pela Casa de Sabóia, reinante no Piemonte-Sardenha; e os Republicanos dirigidos por Giuseppe Mazzini, além da atuação destacada de Giuseppe Garibaldi, empenhados em derrubar as dinastias e implantar uma República Democrática.
O Papa Pio IX e o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, implantaram uma série de reformas liberais em seus estados, a partir de 1846, sobretudo a liberdade de imprensa, que ganhou a adesão dos patriotas, como Mazzini.
A insurreição eclodiu nos Estados conservadores. Em janeiro 1848 os sicilianos rebelaram-se contra o poder dos Bourbon e adotaram a Constituição espanhola de 1812. Em seguida, no reino de Nápoles, reivindicou-se a implantação das mesmas leis em seu território. Em 12 de janeiro, foi formado um governo provisório e Fernando II, sob pressão britânica, promulgou imediatamente a constituição, que passou a ser seguida no restante da Itália, uma vez que o Papa Pio IX se opôs à intervenção de tropas austríacas dispostas a reprimir os nacionalistas. Insurreições nacional-populares ocorreram em Turim, Milão e Roma.
No Reino Lombardo-Vêneto, a revolta de Milão, de 18 a 23 de março, conseguiu expulsar o governador militar austríaco, general Josef Radetzky. Simultaneamente, em Veneza, onde os protestos redobraram após o anúncio da queda de Metternich, lutava-se contra a dominação austríaca, da mesma forma que em Milão, e Daniele Manin e seus seguidores proclamaram a república.
Em Florença, Roma e Turim, os soberanos se anteciparam à insurreição promulgando Constituições.
Mazzini, no norte da Itália, proclamou a República Toscana e, em 1849, o território pertencente a Igreja foi anexado, sendo proclamada a República Romana em 22 de fevereiro. Entretanto, a sonhada república unificada e democrática, almejada por Mazzini, não teve lugar nesta ocasião pois a intervenção francesa pôs um fim à insurreição e permitiu a volta do papa, que restabeleceu as instituições do passado
Apesar dos sucessos iniciais, a divisão dos revolucionários e a intervenção externa restabeleceram a ordem anterior. A revolução foi derrotada com o apoio de forças vindas da França e da Áustria, países interessados no restabelecimento das monarquias absolutistas e do poder do papa. O movimento de Mazzini, apesar de outras tentativas de insurreição, em 1853, enfraquecia. As forças que queriam construir uma Itália mais moderna e democrática foram vencidas. A derrota dos revolucionários provocou a restauração do absolutismo em quase todos os Estados italianos. O único reino que manteve uma constituição liberal foi o Piemonte-Sardenha. Quase todos os partidos empenhados na unificação depositaram aí suas esperanças.
Após uma fase de estabilidade dos regimes liberais, o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, contando unicamente com suas próprias forças (seu lema era "L´Italia fará da sé"), se deixou envolver na guerra contra a Áustria, em março de 1849, tentando expulsar os austríacos do Reino Lombardo-Vêneto (regiões setentrionais dominadas então pela Áustria). Foi vencido em Custozza e Novara e forçado a abdicar em favor de seu filho Vítor Emanuel II.
As revoluções italianas fracassaram em virtude da reação do absolutismo, encorajado pela Áustria, do avanço do radicalismo social de Mazzini e, sobretudo, pelo caráter ainda incipiente do capitalismo, o que reduzia o potencial das forças revolucionárias. Embora fracassado, as Revoluções de 1848-1849 revelaram o caminho para concretizar a unificação. Deixaram evidente a necessidade de obter uma ajuda externa capaz de neutralizar o poderio austríaco, um dos obstáculos à unificação. Patentearam ainda o neoguelfismo, em que o Papa Pio IX não desejou se envolver no processo de unificação, também a necessidade de união sob o Reino da Sardenha, não só porque a dinastia de Sabóia era a única fora da influência austríaca, mas também pelo esvaziamento dos demais movimentos tal como o republicanismo, pela prisão, morte ou exílio de inúmeros dirigentes.
Depois da onda revolucionária, os partidos mais tradicionais cresceram, promovendo posteriormente a unidade italiana, em bases não-democráticas, sob a égide do Reino Sardo-Piemontês.

Matheus Pires, nº18, 2ºC
Bernardo Guerra, nº 1, 2ºC

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