segunda-feira, 25 de outubro de 2010

REFORMAS POLÍTICAS

Um governo provisório constituiu-se em 24 de fevereiro, com maioria de republicanos moderados. O Governo Provisório juntava a oposição eleita constitucionalmente e representantes da multidão. Muitos viram neste movimento a expressão - embora vaga - da insatisfação popular ao ver que o ideal de igualdade defendido e em grande parte conquistado durante a Revolução Francesa não havia se estendido à esfera econômica. Nesse governo, onde o poeta Alphonse de Lamartine ocupava as funções de Ministro dos Assuntos Internos e os socialistas eram somente admitidos como empregados, foram chamados a intervir Albert, um operário, e Auguste Blanqui, jornalista e historiador, por imposição direta do povo.
O Governo provisório convocou eleições, as quais deram vitória aos candidatos da burguesia e dos latifundiários. Em 25 de Fevereiro foi implantada a Segunda República, em resultado de uma expressiva manifestação; todavia, esta não veio a corresponder às aspirações dos operários que reclamavam uma reforma social. O sufrágio universal masculino foi estabelecido e por proposta dos socialistas, foi reduzida a jornada de trabalho de 12 para 10 horas diárias. Por pressão dos operários e socialistas, foram criadas as Oficinas Nacionais (ateliers nationaux) - fábricas com capital estatal e dirigidas por operários, destinadas a aliviar a crise econômica e o desemprego, que logo se tornaram improdutivas e custosas, aumentando o déficit público - e a Comissão de Luxemburgo, cujo objetivo era a preparação de projetos de legislação social e a arbitragem de conflitos de trabalho. O novo Governo não tocou no direito à propriedade privada, mas concedeu o tão desejado direito ao trabalho, uma medida que seria posta em prática pela Comissão de Luxemburgo, presidida por Louis Blanc e por Albert, mas os prometidos direitos foram negados por uma direção política burguesa pouco sensível aos problemas do operariado. Na mesma época, Proudhon edita o periódico "O Representante do Povo", onde critica as Oficinas Nacionais, as quais considerava economicamente inviáveis. Propunha que em seu lugar se criasse um Banco de Crédito Popular, que remunerasse o trabalho com cheques descontáveis, para estimular o consumo.
Todos os políticos do novo governo eram parisienses e não possuíam experiência administrativa, ignorando o que ocorria nas províncias francesas, onde as estradas de ferro foram destruídas, castelos foram saqueados e agiotas espancados.
Em Paris, no mês de março, havia calma e as forças presentes no governo viviam em harmonia. A maioria dos operários confiava no governo e esperava uma solução rápida para sua miséria. Mas a harmonia não duraria muito. Os grandes burgueses das diferentes alas tinham superado suas divergências para impedir qualquer ameaça à propriedade e à riqueza. Uma minoria socialista pressionava o governo para que promovesse novas e ousadas reformas sociais. Alguns falavam em abolir a propriedade privada ("a propriedade é o roubo", escreveu Proudhon), a hierarquia social e as tradições, o que assustava também os pequenos burgueses republicanos. Essas pressões não passavam de agitações feitas em jornais, clubes e sociedades socialistas e não representavam perigo, já que a força deles era diminuta nos meios operários parisienses. Mas não deixavam de assustar os burgueses. Os mais preocupados com essa agitação eram a imensa maioria de camponeses, que se preparava para reagir, caso tivesse de entregar suas propriedades.
Este período inicial da revolução, também chamado de República Social, foi marcado pela provisoriedade e pela intensa disputa entre os diferentes interesses envolvidos na consolidação do poder.

Bernardo Guerra, nº1, 2ºC

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